Figuras de Linguagem: o Guia Completo para o seu Concurso

Língua Portuguesa é um assunto presente em praticamente todos os concursos brasileiros, um conteúdo-chave para você garantir um grande diferencial em relação aos seus concorrentes. Mesmo que você não saiba qual concurso pretende fazer, é possível estudar Português, já que a disciplina certamente estará no seu certame. Entre os assuntos de Língua Portuguesa, estudar as figuras de linguagem certamente vai lhe garantir várias questões, além de abrir sua perspectiva para compreender e interpretar melhor os textos da sua prova.

Nesse artigo vamos falar um pouco desse conteúdo fundamental, trazendo estratégias para compreender detalhes importantes das figuras de linguagem, para acertar os variados tipos de questão sobre o tema no seu concurso.

O que são Figuras de Linguagem

O que é figura de linguagem

As figuras de linguagem consistem em “fugas” discursivas da língua, uma vez que nem sempre uma ideia pode (ou precisa) ser comunicada literalmente. A criatividade humana permite uma comunicação fluida e que, muitas vezes, não se adapta à literalidade ou à realidade palpável do mundo. Para que todas as possibilidades sejam alcançadas, as figuras de linguagem abrangem diferentes modalidades:

  • Figuras de semântica
  • Figuras de sintaxe
  • Figuras de som/fonética

Cada uma dessas classificações possui subdivisões com particularidades, cada qual com uma diferente finalidade para que se possibilite a expressão das mais variadas intenções dos enunciadores.

Chamamos de figura de linguagem os recursos expressivos empregados para gerar efeitos nos discursos, ampliando a ideia que se pretende passar e que não seria possível com o uso restrito e literal das palavras. Esses recursos podem dar o efeito de exagero, ausência, similaridade, lirismo ou estranheza, priorizando a alteração da construção das sentenças ou a semântica (o significado) ou a sonoridade (a forma).

Vamos conhecer as principais figuras de linguagem e seus usos.

Figuras de Linguagem de Semântica

Figura de linguagem semântica

Semântica é o estudo do significado na linguagem. Ela examina a relação entre signos e símbolos e o que eles representam. Pode ser aplicada a palavras individuais, frases, e até textos mais extensos.

As figuras de linguagem semânticas, também conhecidas como figuras de pensamento, estão relacionadas ao significado das palavras. Elas são usadas para expressar ideias de maneira mais expressiva ou impactante, muitas vezes evocando imagens vívidas ou emoções fortes. Vamos a elas:

Metáfora

A metáfora corre quando se faz qualquer comparação sem utilizar expressões que indiquem que uma comparação está sendo feita (“como”, “tanto quanto”, “parece”, entre outras). Exemplo:

Ex.: Você tem uma pedra dentro do peito.

No exemplo, a metáfora serve para dizer que a insensibilidade de alguém é como um coração tão duro quanto uma pedra.

Catacrese

A catacrese ocorre quando não existe um termo específico para designar algo, e, por isso, utiliza-se outros termos para substituir essa falta.

Ex.: Precisei chamar um marceneiro para consertar o pé da mesa.

Não existe um termo específico para designar tal parte da mesa, por isso, toma-se “pé” como empréstimo para designá-la.

Personificação (prosopopeia)

A personificação ocorre quando se atribui características humanas àquilo que não é humano, como objetos ou sentimentos.

Ex.: Eu podia ver o cansaço rastejando-se no chão e vindo em minha direção.

Na frase, atribui-se um corpo à sensação de cansaço, que se rasteja em direção do eu-lírico.

Sinestesia

A sinestesia ocorre quando se constrói uma expressão que mistura duas sensações diferentes entre aquelas percebidas pelos órgãos sensoriais.

Ex.: Tinha olhos bem pretos, quentes e doces.

Na frase, temos a mistura da visão (“bem pretos”) com o tato (“quentes”) e o paladar (“doces”) para descrever os olhos de alguém.

Gradação

A gradação ocorre quando se utiliza uma sequência de palavras que intensifica uma ideia.

Ex.: Estava muito frio, congelando, uma temperatura glacial.

Na frase, temos a gradação na descrição do frio para intensificar a ideia de que a temperatura estava realmente baixa.

Metonímia

A metonímia ocorre quando se substitui um termo por outro. Essa substituição, porém, é feita pela proximidade de referências entre os dois termos.

Ex.: Comeu o prato todo.

No exemplo, “prato” substitui o termo “comida”, que estava dentro do prato. A metonímia também ocorre com a omissão de termos, subentendidos por outros:

Ex.: Adoro ouvir Caetano Veloso.

No exemplo, “Caetano Veloso” é o termo que equivale a: músicas do Caetano Veloso.

Ironia

A ironia ocorre quando se expressa uma ideia por meio de uma construção que diz o oposto do que realmente se quer dizer.

Ex.: Não para de chover: que ótima ideia vir hoje para a praia.

Hipérbole

A hipérbole corresponde ao uso intencional de expressões muito exageradas para  passar-se uma ideia.

Ex.: Que demora! Estou esperando há séculos!

A expressão “há séculos” é um exagero para indicar que se estava esperando há muito tempo.

Eufemismo

O eufemismo ocorre quando se utiliza expressões para atenuar uma ideia tida como agressiva ou desagradável.

Ex.: Ele estava muito doente e acabou batendo as botas.

A expressão “bater as botas” é um equivalente para “morrer”, a fim de expressar esse conceito de maneira atenuante.

Antítese

A antítese dá-se quando se utiliza duas palavras ou ideias com significados opostos.

Ex.: “Quem ama o feio, bonito lhe parece.” (Ditado popular)

Na frase, “feio” e “bonito” são ideias opostas, mas utilizadas em conjunto para passar o pensamento desse ditado popular: se alguém ama uma pessoa considerada feia, tal pessoa será considerada bonita pelo ser que a ama.

Paradoxo

O paradoxo ocorre quando duas expressões opostas são utilizadas de maneira que foge à lógica.

Ex.: Ela achava-o feio e bonito ao mesmo tempo.

Não faz sentido que alguém seja considerado feio e bonito ao mesmo tempo por alguém, por isso, na frase, ocorre paradoxo.

Figuras de Linguagem de Sintaxe

Figura de linguagem de sintaxe

Sintaxe é o ramo da linguística que estuda as regras estruturais da formação de frases em uma língua. Em outras palavras, a sintaxe analisa a forma como as palavras se organizam para formar sentenças com significado e como essas sentenças se relacionam umas com as outras.

As figuras de linguagem de sintaxe, também conhecidas como figuras de construção, são recursos estilísticos que modificam a ordem lógica das palavras, frases ou ideias com o objetivo de obter um efeito expressivo. Elas são usadas para enfatizar um ponto, expressar emoção, ou simplesmente para tornar a linguagem mais interessante e variada. Confira cada uma delas:

Pleonasmo

O pleonasmo ocorre quando a mesma ideia é repetida excessivamente com palavras diferentes na mesma sentença. Quando é feito de modo intencional, é visto como figura de linguagem, quando sem intenção, trata-se de um vício de linguagem (“subir para cima”, “entrar para dentro” e similares).

Ex.: “Me sorri um sorriso pontual” (Chico Buarque)

A repetição é feita propositalmente por Chico Buarque para intensificar o sorriso visto pelo eu-lírico e para gerar maior sonoridade à canção.

Silepse

A silepse ocorre quando a concordância é feita com a ideia que as palavras expressam, e não com a sua forma gramatical. Pode ocorrer silepse de número, de gênero e de pessoa, conforme explicitado a seguir, respectivamente:

Ex.1: Já toda a gente estava indignada. Queriam ouvir.

(Em vez de “Toda a gente queria ouvir.”)

Ex.2: Vossa Senhoria pode ficar tranquilo.

(Em vez de “Vossa Senhoria pode ficar tranquila.”)

Ex.3: Todos estávamos na festa.

(Em vez de “Todos estavam na festa.”)

Elipse

A elipse é a omissão de um termo na sentença sem haver prejuízo de sentido. Isso porque o termo omitido fica subentendido pelo contexto.

Ex.: Começamos o namoro há um mês.

Na frase, houve omissão do sujeito “Nós”, que está subentendido pela conjugação do verbo “começar”.

Ex.: O menino apoiou-se na bancada, olhos e ouvidos atentos.

No exemplo houve elipse da preposição “com”: (…) com os olhos e os ouvidos atentos.

Ex.: “Subiu a escada. A cama arrumada. O quarto. O cheiro do jasmineiro. E a voz de uma das filhas, embaixo:

— Papai! O telefone…”

(Machado de Assis)

No exemplo, há uma série de elipses usadas como recurso estilístico para descrever de maneira esquemática e ágil os ambientes, os estados de alma, de perfis etc.

Zeugma

O zeugma é um tipo de elipse: ocorre quando há omissão de um termo na sentença, mas porque tal termo já foi utilizado anteriormente e, portanto, será subentendido.

Ex.: Ele vai bastante à praia, mas também às montanhas.

No exemplo, em vez de repetir o termo “vai [às montanhas]”, já utilizado no início da sentença, optou-se por omiti-lo, visto que está subentendido.

Assíndeto

O assíndeto é outro tipo de elipse: trata-se da omissão de conjunções (“e”, “mas”, “porque”, “logo” etc.)

Ex.1: “Vim, vi, venci.” (Júlio César)

Ex.2: Não havia sido convidada para a festa, foi mesmo assim.

Nos exemplos, foram omitidas as conjunções “e” e “mas”, que apareceriam entre as palavras grifadas.

Polissíndeto

O polissíndeto é a repetição proposital de uma mesma conjunção como recurso estilístico.

Ex.:

“Vão chegando as burguesinhas pobres

e as criadas das burguesinhas ricas

e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.”

(Manuel Bandeira)

No excerto, a mesma conjunção “e” é usada repetidamente para ligar as sentenças.

Anáfora

A anáfora é a repetição proposital de uma mesma palavra ou expressão como recurso estilístico, dando ênfase àquilo que se repete. É muito utilizada em poesias e músicas.

Ex.:

“É preciso casar João,

é preciso suportar, Antônio,

é preciso odiar Melquíades

é preciso substituir nós todos.”

(Carlos Drummond de Andrade)

A repetição do termo “é preciso” em todo verso constitui a anáfora.

Hipérbato

O hipérbato ocorre quando há inversão proposital de palavras ou de trechos nos enunciados como recurso estilístico.

Ex.:

“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante”

(Hino Nacional Brasileiro)

Os primeiros versos do Hino Nacional Brasileiro são compostos por hipérbatos para gerar rima e pelo recurso estilístico. O enunciado poderia ser escrito da seguinte maneira para facilitar o seu entendimento: Ouviram o brado retumbante de um povo heroico às margens plácidas do Ipiranga.

Anacoluto

O anacoluto ocorre quando há mudança de construção sintática no meio do enunciado, gerando uma quebra nele e deixando um termo solto, sem exercer função sintática.

Ex.: “Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis.”

(José Lins do Rego)

No meio do enunciado, o narrador optou por utilizar a sentença “a gente brincava com elas”, fazendo referência às carabinas. Isso, porém, fez com que o termo “umas carabinas”, que iniciou a sentença, ficasse solto do restante do enunciado, servindo apenas para esclarecer a frase no meio dele.

Figuras de Linguagem de Fonética

Figura de linguagem fonética

A fonética é um ramo da linguística que estuda os sons humanos, ou seja, os aspectos físicos da produção e percepção do som na fala. Isso inclui a articulação (como os sons são produzidos pelos órgãos do aparelho fonador), a acústica (as propriedades físicas dos sons da fala) e a percepção auditiva (como o cérebro processa os sons da fala).

Figuras de linguagem baseadas em aspectos fonéticos são recursos estilísticos que se utilizam de características sonoras para produzir efeitos expressivos ou rítmicos.

Aliteração

A aliteração é a repetição de um mesmo som consonantal propositalmente em um texto como recurso estilístico.

Ex.:

“Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

(Cruz e Souza)

No excerto, ocorre aliteração com o som da letra “V” e das letras “S” e “Z”, o que pode dar a ideia de vozes sussurrando.

Ex.:

“Maioral, melhores momentos

Marginal, maldito movimento

Melodia, memória mó mensageiro”

(MC Lon)

No excerto, a repetição do som consonantal da letra “m” gera aliteração.

Assonância

A assonância é a repetição de um mesmo som vocálico propositalmente em um texto como recurso estilístico.

Ex.:

“Berro pelo aterro, pelo desterro

Berro por seu berro, pelo seu erro

Quero que você ganhe, que você me apanhe

Sou o seu bezerro gritando mamãe”

(Caetano Veloso)

No excerto, ocorre assonância com o som das letras “e” e “o”.

Paranomásia

A paranomásia é a aproximação de palavras com sons semelhantes, mas significados diferentes.

Ex.:

“Conhecer as manhas e as manhãs

O sabor das massas e das maçãs”

(Almir Sater e Renato Teixeira)

No excerto, ocorre paranomásia entre os pares de palavras “manhas” e “manhãs”, “massas” e “maçãs”.

Onomatopeia

A onomatopeia é a tentativa de reproduzir sons e barulhos pela escrita. É muito comum em histórias em quadrinhos.

Ex.1: Derrubou o prato enquanto enxugava a louça: CRASH!

Ex.2: “Do berro, do berro que o gato deu: miau!” (Cantiga popular)

Nos exemplos, “crash” tenta reproduzir o som do prato quebrando, enquanto “miau” tenta reproduzir o miado do gato.

5 questões sobre Figuras de Linguagem

Questões de figura de linguagem

Agora vamos analisar cinco questões que cobraram o tema figuras de linguagem em suas provas. Confira:

QUESTÃO 01 – BANCA: FGV | ANO: 2023

Em todas as opções abaixo há a presença de comparações ou metáforas; o motivo de tais comparações só está adequadamente identificado em:

A) O prazer é o deus do mundo / o prazer estar em todos os lugares;

B) Sexo e morte são as molas das emoções humanas / as molas podem promover muita ou pouca propulsão;

C) Todo homem é um herói para alguém / que serve de apoio nos problemas;

D) A imaginação é a louca da casa / a imaginação vista como oposta à razão;

E) A fama, o crédito e a honra são como nuvens no céu / distantes do ser humano.

RESPOSTA: letra “D”

QUESTÃO 02 – BANCA: FUNDATEC | ANO: 2023

Figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar à expressão mais força e colorido, segundo Cegalla. Avalie as definições que seguem sobre figuras de linguagem:

I. Perífrase é uma expressão que designa os seres por meio de algum de seus atributos ou de um fato que o celebrizou.

II. Sinestesia é a transferência de percepções da esfera de um sentido para a de outro, do que resulta uma fusão de impressões sensoriais de grande poder sugestivo.

III. Polissíndeto: ocorre esta figura quando efetuamos a concordância não com os termos expressos, mas com a ideia a eles associada em nossa mente.

Quais estão corretas?

A) Apenas I.

B) Apenas II.

C) Apenas I e II.

D) Apenas I e III.

E) I, II e III.

RESPOSTA: letra “C”

QUESTÃO 03 – BANCA: FGV | ANO: 2023

Assinale a frase que se estrutura a partir de uma antítese entre seus componentes.

A) A agricultura planta e os bancos colhem.

B) Quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho.

C) Trabalho é para as pessoas que não sabem pescar.

D) Todo homem trabalhador tem sempre uma oportunidade.

E) A gente ganha pouco, mas se diverte.

RESPOSTA: letra “A”

QUESTÃO 04 – BANCA: CONSULPLAN | ANO: 2023

As figuras de retórica têm função de redefinir uma informação, criando efeitos novos para chamar a atenção. São formas de expressão que permitem quebrar a própria significação de um campo de palavras. Duas figuras de retórica destacam-se na publicidade: a metáfora e a metonímia. Sobre metonímia, assinale a afirmativa correta.

A) Indica uma comparação.

B) Dá-se pela escolha de utilizar um termo em detrimento de outro.

C) Funciona como uma passagem do plano-base para o plano simbólico.

D) É uma figura de linguagem que tem função de denominar representações.

E) Quando ocorre um processo de associação subjetiva entre significação própria e efeito figurativo, associações também podem ser sugeridas.

RESPOSTA: letra “B”

QUESTÃO 05 – BANCA: MS CONCURSOS | ANO: 2023

No tocante a figuras de linguagem, relacione a Coluna I com a Coluna II e marque a alternativa correta.

Coluna I:


A-
Paronomásia.

B- Assonância.

C- Onomatopeia.

D- Antítese.

Coluna II:

1- É uma figura de linguagem que consiste na repetição de fonemas vocálicos, especialmente em sílabas tônicas, para inferir um som e estabelecer efeitos sonoros específicos no texto.
2-
É a inserção de palavras no discurso que imitam sons.
3-
Figura pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras, ou dois pensamentos, de sentido contrário.
4-
É a repetição de palavras cujos sons são parecidos.

 

A) A (2) – B (4) – C (3) – D (1).

B) A (1) – B (2) – C (3) – D (4).

C) A (4) – B (1) – C (2) – D (3).

D)  A (4) – B (1) – C (3) – D (2).

RESPOSTA: letra “B”

O que aprendemos neste artigo

Hoje foi dia de aprender melhor sobre figuras de linguagem, um conteúdo importantíssimo para a prova de Língua Portuguesa do seu concurso. Vimos a diferença entre figuras de semântica, sintaxe e fonética, detalhando cada um dos tipos de figura, com exemplos e comentários. Ao final do artigo, você teve acesso a questões para exercitar os aprendizados.

Agora, o mais importante…

O que achou desse artigo? Comente as questões no espaço abaixo, dizendo o que mais você precisa para uma preparação de qualidade para o seu concurso. Sua participação é uma forma valiosa de retribuir pelo conhecimento adquirido.

Até o próximo texto!

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